29.11.08

.carvão e essência.

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Por que não vem me ver?
Eu quero te escutar.
Preciso de alguém pra mim...
Por que não vem me ver?
Eu quero te abraçar.
Preciso de você pra mim.
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uma casinha simples, daquelas de fotografias antigas. o vermelho da terra se misturava ao verde das plantas que se perdiam ao mesmo tempo na cor sépia do dia. era um domingo. especial, como tem sido todos os domingos. tomei um sorvete enquanto te esperava. atrasada como sempre, um desses defeitos que ficam lindos em você. caminhamos em direção as palavras soltas, aos segredos, risadas e estrofes desafinadas de músicas nossas. entre um cigarro e outro, passos curtos e longas conversas. sorrisos e olhares curiosos, como na maioria das vezes que estamos juntas. não sei se são as cores ou se são os sorrisos, mas a bagunça de tudo se faz perfeito na desarmonia.

tua ausência se faz presente em ocasiões especiais, pois afinal, com você tudo era assim, especial. sinto saudades da gargalhada frenética e o sotaque estridente e único. saudade do abraço apertado, das juras sobre amizade, dos segredos, das ruas... das cores.

falta um pedaço toda vez que o pôr-do-sol aparece `...tingindo, tingindo...`

não estou triste.


é só saudade.

26.11.08

.alvorada.

*parque alvorada por julio rossi

eu não saberia dizer o porquê nem quando esse lugar se tornou tão especial. um lugar simples, com cores quase desbotadas iguais às fotografias antigas. ali me senti meio criança outra vez, sem medo de parecer boba. com o tempo, foi se tornando um refúgio, onde eu esquecia o cinza da cidade que insistia em ser rotineiro. era ali que eu me desligava e carregavas novas energias. quase um papo de hippie, (sorte a minha que estou consciente). perdi as contas de quantas vezes caminhei naquela direção, de quantas ruas atravessei até chegar lá. algumas companhias especiais. poucas por que são raras. vários momentos meus.

pra mim, o melhor cartão postal. o sincero gostinho de felicidade inocente. a melhor memória que fotografia nenhuma conseguiria registrar.



a saudade boa de sentir.
o sorriso que vale lembrar.
*das pessoas que são raras.

18.11.08

.miopia dos sentimentos.

longe, onde os olhos não alcançam e o coração não sente. onde o abraço é vazio, os dias são sem cores e o corpo não arrepia. ele custa a enxergar nitidamente o que nos parece tão visível a olhos nus.
esfrega os olhos na frustrada tentativa de estar enganado.


é em vão.

todos já viram o que elo não queria ver.


e só você não viu.

17.11.08


8.11.08

nada faz sentido.





se eu não perco os sentidos.

7.11.08

.pra viver em paz.


sempre com a mesma cara. ora pálido como um papel velho, ora vermelho como uma maçã vistosa. as roupas sempre com as mesmas cores, os mesmos tons. ás vezes propositalmente, às vezes felizes coincidências do destino. os lugares, apenas os de sempre é que faziam a diferença nas noites de cerveja gelada. não existia em lugar algum uma razão pra ser diferente, mas também, ele nem conhecia tantos lugares assim. era tímido, inteligente, mas de poucos amigos. gostava muito de música, arte, café e solidão. não namorava, pois acreditava ter desaprendido essa lição durante a cicatrização de um coração ferido. a fuga era constante em suas tentativas de um suposto relacionamento. era como se não valesse a pena, não tivesse graça. eram vazios porque não eram com ela. ela que roubou suas noites de sono, seus sorrisos e segredos. ela que era o primeiro pensamento do dia, o último da noite. e há algum tempo, sem saber muito que rumo tomar, resolveu se isolar. nunca ia pra muito longe, sempre estava por perto. isolava-se em algum pôr-do-sol, algum parque, livrarias.. era sozinho que ele se encontrava ao procurar por algo que nem ele sabia ao certo o que era, ou quem era. era um sonhador nato, daqueles que flutuam leve como o vento. muitas vezes se escondia por meses e depois re-aparecia como que disposto a viver o que quer que fosse. era livre. pensava que um dia, quando não houvesse mais sonhos, (mesmo isso sendo impossível), o próprio destino se encarregaria da tarefa da vida real.

ele não tinha ambições, não guardava dinheiro e nem fazia planos.
apenas sonhava e vivia do seu jeito.

às vezes até dizia estar cansado de viver.

mas hoje.
hoje foi diferente. Jogou fora a mesmice rotineira. deixou pra trás a rotina, os horários, as anotações e alguns sonhos. hoje ele decidiu não se decidir por nada, apenas sentir.


foi dormir leve e feliz.
e de tão feliz parecia que seu coração, de tão acelerado, fosse sair pela boca.



não acordou.

3.11.08

.chuva na vidraça.


a cidade cinza me recebeu de cobertores apostos e casacos com cheiro de saudade. domingo foi dia de pastel, guarda-chuva largo da ordem, poças d'água e preguiça. tudo com gostinho de passado recente. aqui nesse cantinho sempre chove, mas quando faz sol, a primavera sorri lá de fora, mostrando as cores que se misturam entre si.



novembro começou doce.
açucarado, colorido e com vontade de mais um pouco cada vez que o dia termina.

doce novembro.


me pergunto se os meses passaram rápido demais ou se é meu coração que anda acelerado..

Procuro explicar o meu sentimento
E só consigo encontrar
Palavras que não existem no dicionário
Você podia entender meu vocabulário
Decifrar meus sinais, seria bom


a bagunça está feita e eu prefiro sonhar, porque hoje viver me dá preguiça.